A guerra entre Rússia e Ucrânia parece distante de um desfecho definitivo, apesar das recentes reuniões diplomáticas de alto nível. As declarações do presidente russo, Vladimir Putin, e as promessas do presidente norte-americano, Donald Trump, após encontros no Alasca e com Volodymyr Zelensky, abrem margem para análises sobre o real horizonte de paz.
As exigências de Moscou
De acordo com fontes da agência Reuters ligadas ao Kremlin, Putin só aceita encerrar a guerra se a Rússia incorporar definitivamente o Donbass e se houver garantias internacionais de que a Ucrânia não se tornará membro da Otan nem receberá tropas ocidentais em seu território. A exigência mantém a postura russa de transformar a guerra em um movimento de reposicionamento geopolítico no leste europeu.
Embora menos ambiciosa que as propostas apresentadas em 2024, quando Moscou também pleiteava Kherson e Zaporizhzhia, a nova demanda ainda é vista como uma derrota inaceitável para Kiev. Para Zelensky, ceder o Donbass significaria abrir as portas para novas expansões territoriais russas.

A narrativa de Trump
O presidente dos Estados Unidos afirmou que conseguiu avanços durante sua reunião com Putin no dia 15. Trump declarou que a Ucrânia “ficará com muito território” e que haverá tropas de paz ocidentais após o fim do conflito, em contradição direta com as condições apresentadas por Moscou.
Três dias depois, em encontro com Zelensky, Trump prometeu coordenar garantias de segurança junto à Europa, reforçando a ideia de uma força internacional em solo ucraniano. Isso, no entanto, é justamente o ponto que Putin descarta de forma categórica.
Um impasse difícil de contornar
A distância entre as posições é clara: Moscou quer segurança garantida pela neutralidade da Ucrânia, enquanto Kiev exige recuperar seu território integral e reforçar a proteção militar com o apoio do Ocidente. Dessa forma, essa retirada ucraniana do Donbass seria inviável política e estrategicamente, tornando qualquer concessão praticamente impossível de ser aceita em Kiev.
Cenário possível
Mesmo com a pressão internacional por um cessar-fogo, a probabilidade de um acordo de paz imediato permanece baixa. O que está em jogo não é apenas território, mas o futuro da arquitetura de segurança europeia. A Rússia tenta impedir a expansão da Otan, enquanto os Estados Unidos e seus aliados buscam garantir que a Ucrânia não seja novamente alvo de agressão.
Assim, a guerra entra em uma fase em que negociações parecem mais uma disputa de narrativas do que uma real aproximação. Sendo assim, a curto prazo, o mais provável é a consolidação de linhas de frente estáveis, acompanhadas de novos esforços diplomáticos, mas sem um tratado definitivo.
Além disso, se a Rússia aceitar um acordo de paz sob as condições de terem soltados de outros países protegendo a ucrânia, isso iria contra a própria narrativa que o Putin deu de que estava realizando a guerra para proteger a Rússia de influência da OTAN quando tentou justificar a invasão no território ucraniano. Aceitar essas condições seria jogar fora a própria narrativa estabelecida e admitir publicamente que apenas queria conquistar o território ucraniano.
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