A tensão entre Estados Unidos e Venezuela atingiu um novo patamar nesta terça-feira (2), após as Forças Armadas americanas confirmarem um ataque que afundou uma embarcação supostamente ligada ao tráfico de drogas e operada por criminosos venezuelanos. O episódio, que teria deixado 11 mortos, ocorre em meio à presença crescente de forças militares dos EUA no Caribe e agrava a crise diplomática entre os dois países.
Operação em águas internacionais
O presidente americano, Donald Trump, anunciou que a ação foi realizada por tropas da Marinha em águas internacionais ao sul do Caribe. O alvo seria um navio que, segundo Washington, estava sendo operado pelo grupo criminoso Tren de Aragua, classificado como “organização terrorista” pelos EUA no início deste ano.

“Estamos há anos enfrentando o tráfico de drogas vindo da Venezuela. Hoje enviamos uma mensagem clara: não vamos tolerar essas organizações criminosas”, declarou Trump em pronunciamento.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, confirmou a operação e descreveu o ataque como “letal”, destacando que o objetivo foi impedir a entrada de drogas em território americano. Ele afirmou ainda que as forças militares “agiram dentro da legalidade e em defesa da segurança nacional”.
Escalada militar no Caribe
A ofensiva acontece em um contexto de forte mobilização das forças dos EUA na região. Nas últimas semanas, o governo Trump enviou uma frota de guerra composta por oito navios, um submarino nuclear e cerca de 4.500 fuzileiros navais para áreas próximas à Venezuela, sob o argumento de combater o narcotráfico.
As imagens das embarcações norte-americanas circulando perto da costa venezuelana provocaram uma reação imediata do presidente Nicolás Maduro, que ordenou a mobilização das Forças Armadas do país e acusou Washington de “provocar um conflito armado no continente”.
Reações da Venezuela
Maduro classificou o ataque como um “ato de guerra” e prometeu uma resposta política e militar. Em um discurso televisionado, o líder chavista disse que o governo dos EUA “cruzou uma linha perigosa” e afirmou estar preparado para uma “defesa armada” do território venezuelano.
Além disso, Caracas acionou representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), pedindo uma investigação internacional sobre o incidente e acusando Washington de violar a soberania do país.
“Esta ação é criminosa, ilegal e representa a maior ameaça à paz latino-americana em décadas”, disse Maduro.
Contexto geopolítico
As relações entre Venezuela e Estados Unidos vêm se deteriorando desde que Trump reforçou sanções contra Caracas e ampliou a pressão diplomática para a saída de Maduro do poder. Recentemente, o governo americano dobrou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão do líder venezuelano, acusando-o de ligação com redes internacionais de tráfico de drogas.
O episódio desta semana aprofunda a crise diplomática e levanta preocupações sobre uma possível escalada militar na América Latina, em um momento de grande instabilidade política e econômica na região.