Introdução
Nos últimos anos, um antigo debate voltou a ganhar espaço nas redes sociais e em alguns círculos de discussão: a chamada Teoria da Terra Plana. Segundo os adeptos dessa crença, o planeta não teria a forma esférica ou geoide, mas seria um grande disco plano, limitado por uma borda de gelo — muitas vezes associada à Antártida.
Apesar da vasta quantidade de evidências científicas acumuladas ao longo de séculos, esse movimento cresceu impulsionado pela internet, apresentando-se como uma espécie de “resistência” contra a ciência oficial. No entanto, a comunidade acadêmica e científica classifica a Terra Plana como uma pseudociência, ou seja, uma ideia que não se baseia em fundamentos empíricos ou no método científico.
Este artigo busca explicar o que é a Terra Plana, sua origem histórica, por que ela é considerada pseudociência e, principalmente, quais são as provas irrefutáveis de que a Terra não é plana.
O que é a teoria da Terra Plana?
A teoria da Terra Plana defende que o planeta não tem forma esférica, mas sim de um disco estático e imutável. Geralmente, essa concepção está associada a algumas crenças complementares:
- O Sol e a Lua seriam esferas pequenas, que giram acima do disco terrestre;
- A gravidade não existiria da forma que conhecemos;
- O espaço sideral e as imagens da Terra vistas do espaço seriam falsificações.

Os adeptos dessa ideia rejeitam o consenso científico e acreditam em uma “conspiração global” que esconderia a verdadeira forma do planeta.
Origem histórica da ideia da Terra Plana
Durante a Antiguidade, diversos povos acreditavam que a Terra era plana, pois a percepção visual do horizonte sugere essa aparência. Povos como os mesopotâmicos, os egípcios e até os primeiros gregos possuíam cosmologias que colocavam a Terra como um disco ou uma superfície plana sustentada por elementos míticos.
Porém, a ideia da Terra esférica surgiu cedo, com filósofos gregos como Eratóstenes por volta de 240 a.C, que observava fenômenos astronômicos incompatíveis com a ideia de planicidade. A partir daí, o modelo esférico foi consolidado.
Na Idade Média, ao contrário do mito popular, a maioria dos estudiosos já reconhecia a esfericidade da Terra. Grandes navegadores, como Cristóvão Colombo e Fernão de Magalhães, baseavam suas viagens nessa concepção.
A “ressurreição” da teoria da Terra Plana aconteceu no século XIX, com sociedades pseudocientíficas na Inglaterra e nos EUA. Já no século XXI, com a internet, o movimento ganhou força como parte de discursos negacionistas.
Por que a Terra Plana é uma pseudociência?
O termo pseudociência é utilizado para classificar sistemas de crenças que se apresentam como ciência, mas que não seguem critérios básicos do método científico. No caso da Terra Plana, há vários motivos para ser enquadrada dessa forma:
- Não é baseada em evidências empíricas: a ideia de um disco plano não se sustenta diante de observações astronômicas, físicas ou geográficas.
- Ignora o método científico: não realiza testes, não aceita revisão por pares e rejeita resultados que não confirmam suas crenças.
- Conspirações infalsificáveis: quando confrontados com provas, adeptos afirmam que tudo é manipulado por agências espaciais, tornando a teoria impossível de ser refutada dentro de sua própria lógica.
- Contradições internas: os modelos propostos não conseguem explicar fenômenos básicos como fusos horários, eclipses ou a gravidade.
Evidências que provam que a Terra não é plana
1. Fotografias e imagens de satélite

A princípio, desde a corrida espacial, iniciada na década de 1960, a humanidade possui imagens da Terra vista do espaço. Todas elas mostram claramente o formato esférico do planeta. Satélites em órbita produzem imagens em tempo real, utilizadas em previsões meteorológicas e monitoramento ambiental, comprovando diariamente a esfericidade terrestre.
2. A curvatura do horizonte
Por sua vez, observadores atentos podem perceber a curvatura da Terra em locais elevados ou ao observar embarcações que desaparecem gradualmente no horizonte. Esse fenômeno só é possível em uma superfície curva. Se a Terra fosse plana, o navio se tornaria apenas menor, mas nunca desapareceria “por baixo” da linha do horizonte.

3. Gravidade e forma geoidal
A gravidade atua puxando objetos para o centro de massa do planeta. Isso só é possível em um corpo aproximadamente esférico. Em uma Terra plana, a gravidade teria que ser explicada por um mecanismo artificial, o que não encontra respaldo na física.
4. Viagens aéreas e rotas de navegação
A aviação e a navegação seguem rotas que só fazem sentido em uma Terra esférica. Mapas usados por companhias aéreas consideram a curvatura do planeta para definir trajetos mais curtos — as chamadas rotas ortodrômicas. Além disso, a navegação marítima utiliza a latitude e a longitude, que só funcionam em um globo.
5. A sombra da Terra na Lua
Durante os eclipses lunares, a sombra projetada pela Terra sobre a Lua é sempre curva. Esse fenômeno foi observado já na Antiguidade e serviu de prova para Aristóteles da esfericidade do planeta. Se a Terra fosse plana, a sombra não teria sempre o mesmo formato circular.
6. Fuso horários
Os fusos horários só existem porque a Terra é esférica e gira em torno de si mesma. Enquanto é dia em um hemisfério, é noite em outro. Esse fenômeno não pode ser explicado por um modelo plano de forma coerente.
7. Experimentos científicos clássicos
- Experimento de Eratóstenes (século III a.C.): ao medir o ângulo da sombra em duas cidades diferentes no Egito, provou que a Terra era curva e calculou sua circunferência com grande precisão.
- Experimentos modernos com lasers e GPS: equipamentos de geolocalização, que funcionam com satélites, confirmam diariamente a esfericidade da Terra.
Por que ainda existem defensores da Terra Plana?
Apesar de todas as evidências, ainda existem comunidades que acreditam na Terra Plana. Isso ocorre por diversos motivos:
- Desconfiança nas instituições científicas e governamentais;
- Influência de teorias da conspiração;
- Propagação pela internet e redes sociais;
- Fatores psicológicos e culturais, em que acreditar em uma narrativa alternativa dá sensação de pertencimento a um grupo exclusivo.
O impacto da pseudociência da Terra Plana
A crença na Terra Plana não é apenas uma curiosidade inofensiva. Ela está inserida em um contexto maior de negacionismo científico, que inclui a rejeição de vacinas, mudanças climáticas e outros consensos científicos. Essa postura pode ter impactos negativos na educação, na saúde pública e no desenvolvimento de políticas ambientais globais.
Conclusão
Dessa forma, a teoria da Terra Plana é uma pseudociência que ignora evidências, contradiz o método científico e sustenta-se em ideias conspiratórias. Desde a Antiguidade, filósofos, navegadores e cientistas demonstraram que a Terra tem formato esférico, o que foi confirmado por tecnologias modernas como satélites, GPS e viagens espaciais.
Portanto, a resposta é clara: a Terra não é plana. A insistência nessa crença revela mais sobre dinâmicas sociais, desinformação e desconfiança na ciência do que sobre a realidade do planeta.
Defender e divulgar as evidências científicas é essencial não apenas para combater esse tipo de pseudociência, mas também para fortalecer a educação científica e o pensamento crítico nas novas gerações.