A princípio, a escolha de Belém, no Pará, como sede da COP30 em 2025 gerou entusiasmo inicial por colocar a Amazônia no centro do debate climático global. Contudo, a decisão tem sido alvo de fortes críticas internacionais e nacionais, principalmente devido a questões de logística, infraestrutura e contradições ambientais.

1. Escassez de hospedagem e preços abusivos

Primeiramente, um dos principais problemas é a falta de infraestrutura hoteleira. Belém não possui a quantidade de leitos necessária para receber dezenas de milhares de participantes da COP30.

  • Diárias chegaram a ser anunciadas por mais 1 milhão, valor proibitivo para delegações de países mais pobres, como os do Pacífico e da África, que já cogitam não participar por não conseguirem arcar com os custos.
  • Essa situação gerou acusações de exclusão econômica, indo contra o espírito da conferência, que deveria garantir ampla representatividade global.

2. Pressão social e impacto nos moradores locais

Além disso, a chegada da COP30 também afeta diretamente a população de Belém.

  • Muitos inquilinos foram despejados para que proprietários alugassem imóveis a preços exorbitantes para turistas e delegações.
  • A alta de preços não se restringe aos hotéis: afetou também o mercado de aluguéis e até serviços básicos, ampliando a desigualdade social na cidade.

3. Infraestrutura precária e logística complicada

Belém é considerada uma cidade com pouca infraestrutura urbana para sediar um evento de porte global.

  • A malha viária é limitada, o transporte público é insuficiente e a conexão aérea é restrita.
  • A chegada de milhares de pessoas deve sobrecarregar os sistemas de saneamento, energia e mobilidade, o que pode comprometer a experiência do evento e causar transtornos para os moradores.

4. Contradições ambientais na preparação

Outro ponto de crítica é o fato de que, para sediar um evento de combate à crise climática, o Brasil está promovendo obras que afetam a própria Amazônia.

  • A construção da Avenida Liberdade, uma rodovia que corta mais de 13 km de floresta protegida, foi aprovada para facilitar o deslocamento até o evento.
  • Além disso, medidas de flexibilização ambiental e suspensão de áreas de proteção no Pará geraram desconfiança sobre a real prioridade do governo: preservar a floresta ou acomodar o evento.

5. Risco de perda de credibilidade internacional

A comunidade internacional teme que a COP30 em Belém se transforme em um evento simbólico, mas ineficaz, caso:

  • Muitas delegações não consigam comparecer.
  • O Brasil não consiga entregar soluções logísticas.
  • A preparação continue gerando impactos ambientais negativos na Amazônia.

Críticos apontam que, em vez de ser lembrada como a “COP da Amazônia”, a conferência pode ser vista como um desastre organizacional e um contrassenso climático, prejudicando a credibilidade do Brasil como liderança ambiental.

Conclusão

Dessa forma, as críticas à escolha de Belém para sediar a COP30 giram em torno de três grandes pontos:

  1. Exclusão econômica causada pelos preços abusivos.
  2. Falta de infraestrutura adequada para receber delegações globais.
  3. Contradições ambientais, com obras e flexibilizações que afetam a própria floresta que o evento pretende defender.

Assim, enquanto a ideia de realizar a COP30 na Amazônia possui enorme valor simbólico, os desafios práticos e os impactos negativos levantam dúvidas sobre se Belém foi realmente a melhor escolha para sediar um encontro climático de tal magnitude.

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