Antes de explorarmos os princípios estratigráficos, é importante entender o que significa estratigrafia. Essa palavra tem origem no latim stratum, que quer dizer “camada”, e no grego graphia, que significa “estudo”. Assim, a estratigrafia é o ramo da Geologia que analisa as camadas de rochas sedimentares e investiga os processos e acontecimentos que levaram à formação dessas estruturas ao longo do tempo.
A estratigrafia é fundamental para decifrar a história da Terra, pois permite interpretar a ordem dos eventos geológicos, as condições ambientais do passado e até mesmo a cronologia relativa de fósseis e formações rochosas.
Os Princípios Fundamentais da Estratigrafia
Para que os geólogos possam organizar e interpretar as camadas rochosas e os eventos que as moldaram, foram estabelecidos alguns princípios que servem como base para os estudos estratigráficos. Esses princípios foram propostos inicialmente pelo naturalista dinamarquês Nicolas Steno, no século XVII, e até hoje são utilizados como ferramentas essenciais na Geologia.
Confira abaixo quais são os principais princípios estratigráficos e o que cada um deles significa.
1. Princípio da Sobreposição
Esse é um dos princípios mais conhecidos da estratigrafia. Ele afirma que, em uma sequência de camadas sedimentares que não tenha sofrido perturbações, as camadas mais antigas estarão na base, enquanto as mais recentes se encontrarão no topo.

Ou seja, as rochas são depositadas umas sobre as outras ao longo do tempo, e essa ordem cronológica permite entender a sequência dos acontecimentos geológicos que ocorreram em determinada região.
2. Princípio da Horizontalidade Original
De acordo com esse princípio, os sedimentos são originalmente depositados de forma horizontal ou quase horizontal. Se hoje observamos camadas inclinadas ou dobradas, isso indica que elas foram afetadas por movimentos tectônicos ou outros processos geológicos após a sua deposição.
Essa regra é essencial para que os geólogos possam reconhecer alterações estruturais e identificar os eventos que modificaram o ambiente geológico depois da formação das camadas.
3. Princípio da Interseção
O princípio da interseção estabelece que qualquer corpo geológico, como um filão ou intrusão magmática, que atravessa outras camadas rochosas, é mais recente do que as rochas que ele corta.
Isso ocorre porque, para que uma rocha ou estrutura geológica seja atravessada, ela precisa já estar formada. Esse princípio é muito utilizado para determinar a ordem relativa de eventos geológicos em uma região.
4. Princípio da Inclusão
Esse princípio afirma que, se uma rocha contém fragmentos ou elementos de outra rocha no seu interior, esses fragmentos são mais antigos do que a rocha que os abriga. Isso porque os pedaços de rocha precisaram existir antes para poderem ser incorporados em uma nova formação.

Um exemplo clássico são os seixos presentes em um conglomerado, que são sempre mais antigos do que a rocha sedimentar que os envolve.
5. Princípio da Continuidade Lateral
De acordo com esse princípio, um estrato ou camada sedimentar se estende lateralmente por uma certa área, mantendo características semelhantes e a mesma idade em toda sua extensão, até que encontre uma barreira física ou sofra alterações gradativas nas condições de deposição.
Isso permite que os geólogos correlacionem camadas de rochas de diferentes áreas, mesmo que estejam separadas atualmente por vales, rios ou erosão.
6. Princípio da Identidade Paleontológica
Esse princípio é essencial na Paleontologia e na estratigrafia. Ele determina que estratos que contêm os mesmos tipos de fósseis têm a mesma idade, independentemente da distância ou localização geográfica.

Graças a esse princípio, os fósseis são utilizados como fósseis-guia, auxiliando na correlação entre diferentes áreas e na definição das eras e períodos geológicos.
Por Que os Princípios Estratigráficos São Importantes?
Os princípios estratigráficos são a base para a construção da história geológica da Terra. Através deles, os cientistas conseguem:
- Reconstruir ambientes antigos e eventos naturais;
- Entender as alterações sofridas pelo planeta ao longo do tempo;
- Determinar a idade relativa das rochas e fósseis;
- Localizar recursos naturais como petróleo, carvão e minérios;
- Mapear áreas de risco geológico.
Além disso, esses princípios são fundamentais para estabelecer a datação relativa das formações rochosas, complementando métodos de datação absoluta, como o uso do carbono-14 e outros elementos radioativos.
Conclusão
A estratigrafia é uma área da Geologia essencial para a compreensão do passado da Terra, e os princípios estratigráficos são as ferramentas que possibilitam interpretar as camadas sedimentares e os fósseis encontrados nelas.
Por meio desses princípios — como o da sobreposição, horizontalidade, interseção, inclusão, continuidade lateral e identidade paleontológica — é possível reconstruir cenários antigos, entender as transformações ambientais e definir a sequência dos eventos que moldaram a superfície terrestre.
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