A princípio, a Primeira Guerra Mundial foi um dos maiores e mais impactantes conflitos armados da história da humanidade. Travada entre os anos de 1914 e 1918, a guerra envolveu as principais potências mundiais da época, resultando em milhões de mortos e profundas transformações políticas, econômicas e sociais em todo o mundo, especialmente na Europa.
Embora seu início tenha se dado por um atentado específico, a guerra foi consequência de uma série de tensões acumuladas ao longo do século XIX e início do século XX. Vamos entender as causas, o desenrolar e os efeitos desse importante episódio histórico.
Contexto histórico e causas da Primeira Guerra Mundial
Antes de a guerra começar, a Europa vivia um período conhecido como Bela Época, caracterizado por avanços tecnológicos, culturais e econômicos. No entanto, por trás desse clima de prosperidade, havia forte instabilidade política e rivalidades entre as potências europeias. Esse ambiente tenso ficou conhecido como Paz Armada, pois os países mantinham relações diplomáticas, mas investiam pesadamente em armamentos e aumentavam seus exércitos.
Entre os fatores que explicam o início da Primeira Guerra Mundial, podemos destacar:
- Imperialismo: as potências europeias disputavam territórios e colônias na África e na Ásia, o que provocava conflitos de interesse e rivalidades políticas.
- Nacionalismo exacerbado: movimentos nacionalistas, como o pangermanismo (que defendia a unificação de todos os povos germânicos sob a Alemanha) e o pan-eslavismo (que desejava unir os povos eslavos sob liderança russa), aumentavam as tensões na Europa Central e nos Bálcãs.
- Corrida armamentista: o desenvolvimento de novas tecnologias bélicas e o fortalecimento dos exércitos deixaram os países prontos para o confronto.
- Política de alianças militares: as potências formaram dois grandes blocos militares, que garantiam apoio mútuo em caso de conflito:
- Tríplice Entente: França, Reino Unido e Rússia.
- Tríplice Aliança: Alemanha, Áustria-Hungria e Itália (que, depois, mudou de lado e apoiou a Entente).
- Revanchismo francês: a França alimentava o desejo de vingança contra a Alemanha desde a derrota na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) e pela perda da região da Alsácia-Lorena.
O estopim: o Atentado de Sarajevo
Entretanto, apesar dessas tensões, o episódio que deu início à guerra foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, e de sua esposa, Sofia, em 28 de junho de 1914. O crime ocorreu em Sarajevo, na Bósnia, e foi cometido por Gavrilo Princip, integrante de um grupo nacionalista eslavo. Esse atentado desencadeou uma reação em cadeia de declarações de guerra entre as potências, que rapidamente envolveu quase todo o continente europeu.
Países participantes da Primeira Guerra Mundial
As nações envolvidas no conflito se organizaram em dois blocos:
Potências Centrais:
- Alemanha
- Áustria-Hungria
- Império Otomano
- Bulgária
Aliados (Entente):
- França
- Reino Unido
- Rússia (até 1917)
- Itália (a partir de 1915)
- Estados Unidos (a partir de 1917)
- Brasil (declarou guerra em 1917)
- Japão, Canadá, Grécia e outras nações também apoiaram os Aliados.
Fases da Primeira Guerra Mundial
O conflito é geralmente dividido em duas grandes fases:
1- Guerra de Movimento (1914)
No início da guerra, as tropas se deslocavam rapidamente pelas fronteiras, com ofensivas alemãs na Bélgica e na França. A Alemanha pretendia conquistar Paris em pouco tempo pelo chamado Plano Schlieffen, mas foi contida pelas tropas francesas e britânicas.
2- Guerra de Trincheiras (1915-1918)
Por outro lado, com o avanço estagnado, os exércitos cavaram extensas linhas de trincheiras para se proteger. Nessas condições, os soldados enfrentavam frio, fome, doenças e bombardeios constantes. A guerra de trincheiras provocou enormes perdas humanas e batalhas extremamente violentas, como a Batalha de Verdun e a Batalha do Somme.
Participação do Brasil
Embora distante do centro do conflito, o Brasil entrou na guerra em 1917, após submarinos alemães afundarem navios mercantes brasileiros. O país enviou uma pequena esquadra naval para o Mediterrâneo e uma equipe médica para atuar na França. Dessa maneira, apesar da participação modesta, a guerra impulsionou o processo de industrialização no Brasil, já que a importação de produtos europeus foi interrompida.
Consequências da Primeira Guerra Mundial
Sendo assim, o saldo da guerra foi devastador, onde estima-se que cerca de 10 milhões de soldados e 8 milhões de civis morreram. Além das perdas humanas, a infraestrutura de diversos países foi destruída, e a Gripe Espanhola, no pós-guerra, causou ainda mais mortes.
Entre as consequências políticas e sociais, destacam-se:
- Assinatura do Tratado de Versalhes (1919): impôs pesadas sanções à Alemanha, incluindo perdas territoriais, desmilitarização e indenizações de guerra. Assim, as condições rígidas do tratado fomentaram o descontentamento na Alemanha e abriram caminho para a ascensão do nazismo anos depois.
- Fim de impérios tradicionais: Império Alemão, Austro-Húngaro, Otomano e Russo foram desmantelados, dando origem a novos países na Europa e no Oriente Médio.
- Ascensão dos Estados Unidos: ao final da guerra, os EUA se consolidaram como uma potência econômica e política mundial.
- Participação feminina: com os homens nos campos de batalha, as mulheres ocuparam postos de trabalho nas fábricas e hospitais. Essa mudança abriu caminho para os movimentos feministas e a conquista de direitos políticos e sociais.
Conclusão
Com isso, a Primeira Guerra Mundial foi mais do que um conflito militar: ela redefiniu as relações internacionais, reconfigurou mapas, acelerou o desenvolvimento de tecnologias bélicas e marcou o início do declínio dos impérios europeus. Seus efeitos se estenderam por décadas e ajudaram a preparar o terreno para a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939.
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